Postado por Katrin da Silva em 19/11/2025 12:40
A ideia central da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), também conhecida como Humanista, é facilitar o processo do sujeito se tornar o que realmente é. As sessões terapêuticas servem como um exemplo de como se relacionar consigo mesmo, com o outro e com o mundo.
Assim Carl Rogers coloca a pergunta:
“Como posso proporcionar uma relação que essa pessoa possa utilizar para seu próprio crescimento pessoal?” (Tornar-se pessoa, p. 36).
Logo, a abordagem humanista trata de uma espécie de molde relacional que não se limita ao consultório, mas é aplicável à todas as relações humanas como pai-filho, professor-aluno, e assim
em adiante. Carl Rogers coloca ênfase na congruência, também chamada de autenticidade. Isso significa trazer uma transparência, em primeiro lugar, para consigo mesmo e depois com o outro. Dar-se
conta dos seus sentimento em dado momento de forma genuína. Reconhecer, por exemplo, que agir como se estivesse seguro quando se sente receoso seria incongruente. Dessa forma, é ineficaz manter uma postura de fachada nas relações, pois seriam laços pouco construtivas, superficiais e insatisfatórias.
Um conceito de destaque para Rogers é a tendência atualizante. Esse conceito diz respeito à tendência do ser humano de se desenvolver, de alcançar seu potencial e se tornar cada vez mais autônomo nas relações e fiel à sua autenticidade.
Existem outros fatores que podem facilitar o crescimento pessoal e relacional, entre estes, a compreensão empática.
Geralmente, ao ouvir uma fala do outro, inclinamos ao julgamento opinativo, como por exemplo “isso não faz sentido”, “está certo” ou “que viagem” ao invés de dar abertura para compreender a visão de mundo do outro. Rogers acredita que essa tendencia surge devido ao medo de mudança. Escutar o outro de forma empática significa uma alteração em si próprio e isso pode causar desconforto. Apesar de ser difícil, é uma experiencia que enriquece as relações e leva à mudança.
Criar um espaço terapêutico acolhedor é fundamental para iniciar uma relação de ajuda. Quanto mais o sujeito se sentir aceito e considerado, maior a probabilidade de se tornar mais genuíno e a desenvolver uma atitude de maior consideração consigo mesmo.
Como coloca Rogers (Tornar-se pessoa, p. 38-39):
É somente quando à medida que compreendo os sentimentos e
pensamentos que parecem tão terríveis para você, ou tão fracos, ou tão
sentimentais, ou tão bizarro – é somente quando eu os vejo como você
os vê, e os aceito como a você, que você se sente realmente livre para
explorar todos os cantos recônditos e fendas assustadoras de sua
experiencia interior e frequentemente enterrada.
A Gestalt-Terapia é uma vertente da abordagem humanista-existencial que segue princípios semelhantes, isto é, entende que mudança construtiva é uma consequência natural do processo terapêutico. Dentro deste contexto podemos citar a Teoria paradoxal da mudança, desenvolvida por Arnold R. Beisser. De acordo com essa teoria, mudança ocorre quando você se aceita do jeito que é. Aceitar algo não necessariamente significa gostar, aprovar ou rejeitar. Significa se tornar consciente daquilo que é no agora. Isso pode envolver uma limitação, dificuldade ou insegurança. Quando você descobre seus pontos fracos, é mais fácil decidir como deseja lidar com aquilo.