Postado por Carolina de Souza em 17/10/2025 17:09
Em meu trabalho, realizado em parceria com Manoel Antônio dos Santos e publicado na revista Psicologia: Teoria e Pesquisa (2019, v.35, e35410), dediquei-me a explorar um tema muito importante: as intervenções grupais para mulheres que enfrentam o câncer de mama. Minha pesquisa consistiu em uma análise aprofundada de estudos científicos publicados tanto no Brasil quanto internacionalmente, entre os anos de 2000 e 2015, buscando entender como esses grupos de apoio psicossocial podem fazer a diferença na vida dessas mulheres.
É inegável que, com os avanços da medicina, a sobrevida de pacientes com câncer de mama tem aumentado significativamente. Consequentemente, a atenção às dimensões psicossociais da doença – ou seja, como ela afeta a mente e as emoções – tornou-se mais crucial do que nunca. Nesse cenário, estratégias como os grupos de apoio, a psicoterapia de grupo (onde um profissional guia as conversas) e os grupos psicoeducativos (focados em ensinar sobre a doença e seus impactos) emergem como ferramentas poderosas. Observei que a experiência da mastectomia, por exemplo, que é a cirurgia de retirada da mama, frequentemente é vivida como um evento bastante agressivo, capaz de impactar profundamente a imagem corporal e a identidade feminina. Nesses momentos, o convívio com outras mulheres que passaram por situações semelhantes, dentro de um grupo, torna-se um fator facilitador para a aceitação e a reconstrução da autoestima.
Os resultados de minha revisão são bastante animadores e apontam para benefícios psicológicos concretos. Dentre eles, destaco a redução notável do estresse, uma melhora significativa no humor, o aumento da qualidade de vida percebida pelas participantes e a oportunidade de compartilhar informações valiosas sobre as diversas opções de tratamento e como lidar com seus efeitos. Os grupos proporcionam um ambiente seguro e acolhedor, onde a troca de experiências e a expressão de sentimentos (a catarse) são incentivadas. Isso contribui para diminuir o sentimento de isolamento que muitas mulheres podem experimentar e fortalece suas estratégias de enfrentamento diante da doença. No entanto, é fundamental ser transparente: apesar de todos esses ganhos emocionais e sociais, minha pesquisa indica que, até o momento, não há evidências científicas conclusivas de que a participação em grupos de apoio aumente a expectativa de vida das pacientes.
Também foi possível identificar uma lacuna importante na literatura brasileira, sugerindo que a aplicação e a pesquisa sobre intervenções grupais para mulheres com câncer de mama ainda são relativamente limitadas em nosso país. Essa constatação reforça a urgência de integrar o suporte psicossocial de forma mais efetiva e abrangente no cuidado integral dessas mulheres, adaptando as intervenções às necessidades específicas de cada uma, seja no estágio inicial ou avançado da doença. Meu artigo, portanto, busca preencher parte dessa lacuna e estimular futuras pesquisas e práticas clínicas.
Quer se aprofundar e entender todos os detalhes e nuances dessa pesquisa tão relevante?
Convido você a ler o artigo completo! Ele está disponível para acesso no site da revista Psicologia: Teoria e Pesquisa. Clique no link abaixo para ter acesso à íntegra do conteúdo e aprofundar seu conhecimento sobre como os grupos podem ser um farol de esperança e apoio na jornada contra o câncer de mama.
Leia o artigo na íntegra: https://dx.doi.org/10.1590/0102.3772e35410