Postado por Flavia Franciny Costa Rojas em 13/07/2022 22:35
Alguns fazem mais, outros menos, mas de modo geral é da natureza humana encontrar padrões e aspectos familiares ao enxergar o mundo. Fazemos isso através de comportamentos adaptativos que nos ajudam a lidar com uma serie de situações com as quais nos deparamos ao longo da vida.
Mas e quando as experiências se mostram tão complexas que, por mais que a gente tente, se torna confuso buscar um único motivo que consiga explicar tudo? Essa é da uma grandes aflições que muitas vezes aparece na clínica.
O trabalho de tentar entender um pouco da nossa história é fundamental no processo de terapia, mas com o tempo percebe-se que a lógica de causa e efeito não se encaixa tanto aqui. Por mais que a gente consiga mapear uma serie de eventos ou fatores que aconteceram ao longo da vida e que nos fizeram sofrer, pode ser equivocado o raciocínio de nomear um único evento como a causa de todos os males.
Sem dúvidas alguns acontecimentos podem promover grande impacto na vida de uma pessoa, mas ainda assim é necessário avaliar uma serie de outros fatores para compreender o que a levou a determinado estado de sofrimento.
É como pensar em um receita de bolo, onde o trigo é um elemento importante, porém ele sozinho não é considerado bolo e para que a receita dê certo é necessário a junção com outros ingredientes, além de uma forma e um forno.
Quando digo que a lógica de causa e efeito é precária ao falarmos sobre sofrimento, é porque há influência de diversos fatores (causa multifatorial)
Ao pensarmos em um diagnóstico de transtorno mental, por exemplo, levamos em conta predisposição genética, fatores psicológicos e sociais
Na psicologia chamamos de "fatores desencadeantes" esses elementos que contribuem no desenvolvimento de um transtorno mental, mas que isoladamente não são denominados como causa para uma desordem mental.
Buscar algumas pistas que ajudam a dar contorno e sentido a nossas experiências é fundamental, mas é sempre bom lembrar como a vida possui uma rede de complexidades e possibilidade de organizações. E é preciso cuidado para não cairmos em justificativas simplistas que muitas vezes empobrecem e minam a nossa historia.
Psicóloga Flávia Costa
CRP 05/60279
Pós-graduanda em Assistência a usuários de álcool e outras drogas - Insituto de Psiquiatria (IPUB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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