Postado por Rosangela Cavalcante em 12/05/2025 17:03
Descobrir a Sexualidade: Um Caminho Natural e Saudável com Apoio Terapêutico
A sexualidade é parte fundamental da experiência humana. Desde cedo, ela se manifesta em nossa curiosidade, sensações, afetos e relacionamentos. Descobrir a própria sexualidade — seja em relação ao desejo, ao corpo, à identidade ou ao outro — é um processo natural, pessoal e muitas vezes desafiador. E quando há espaço para escuta, acolhimento e reflexão, esse caminho pode se tornar mais leve e saudável.
Na Psicologia, especialmente nas abordagens psicodinâmica e sistêmica, a sexualidade é vista como parte do desenvolvimento emocional e relacional. A abordagem psicodinâmica, inspirada pela psicanálise, compreende que desejos, fantasias e conflitos internos ligados à sexualidade surgem desde a infância e são influenciados por vivências inconscientes, familiares e culturais.
Já a abordagem sistêmica foca nas relações: como a família, os grupos sociais e a cultura moldam — e muitas vezes limitam — a forma como vivemos nossa sexualidade. Muitas pessoas crescem em ambientes com tabus, repressão e culpa, o que pode gerar sofrimento, medo e confusão.
A descoberta da sexualidade pode ser atravessada por dúvidas, inseguranças, ansiedade e até dor — especialmente em contextos de preconceito, homofobia, transfobia ou machismo. Para muitas pessoas LGBTQIA+, por exemplo, o processo de autoaceitação pode vir acompanhado de conflitos internos e externos.
Estudos científicos mostram que o suporte psicológico adequado tem papel central nesse percurso. A psicoterapia possibilita a construção de um espaço seguro, de escuta e acolhimento, onde a pessoa pode explorar sentimentos, narrativas e escolhas de forma livre de julgamentos (Scroggs & Schatz, 2019; Henriques et al., 2020).
Tanto na visão psicodinâmica quanto na sistêmica, a sexualidade está ligada ao modo como a pessoa se relaciona consigo mesma e com os outros. A psicoterapia ajuda a dar sentido às experiências, reconhecendo os desejos, elaborando traumas e conflitos, e fortalecendo a autonomia para viver a sexualidade de forma mais consciente e plena.
Além disso, o processo terapêutico pode ajudar na construção de limites saudáveis, na diminuição da vergonha e da culpa, e na melhora da autoestima — aspectos fundamentais para uma vivência sexual e afetiva satisfatória.
Não existe um “modelo ideal” de sexualidade. O importante é que ela seja vivida de forma autêntica, consentida, respeitosa e segura. Respeitar o próprio ritmo e ter espaços de escuta empática, como na psicoterapia, faz toda a diferença.
A descoberta da sexualidade não é uma “fase” a ser superada nem um problema a ser corrigido — é uma parte da jornada de autoconhecimento e desenvolvimento humano. Quando acolhida com cuidado e respeito, ela se transforma em fonte de prazer, vínculo e vitalidade.
Referências
Henriques, M., Ferreira, P. L., & Gonçalves, G. (2020). Psicoterapia, sexualidade e desenvolvimento humano: implicações clínicas. Revista Psicologia: Teoria e Prática.
Scroggs, B., & Schatz, B. (2019). Psychodynamic therapy and LGBTQ+ clients: Affirmative approaches to sexual and gender diversity. Journal of Clinical Psychology.
Fonseca, R. M. G. S., & Figueiredo, W. S. (2017). Sexualidade, gênero e saúde: desafios para a formação profissional e práticas clínicas. Saúde e Sociedade.