Postado por Flavia Franciny Costa Rojas em 22/07/2021 23:01
A busca por terapia tem se tornado cada vez mais popular nos últimos tempos. Muitas pessoas começaram a compartilhar nas redes sociais sobre a importância de fazer psicoterapia e como esse trabalho pode proporcionar muitos benefícios a longo prazo. Entretanto, diversas pessoas têm uma noção muita vaga sobre o que é terapia ou qual é o papel do psicólogo numa sessão.
É comum que a figura do psicólogo esteja associada a aconselhamento. Pensando nisso, algumas pessoas tendem a buscar na primeira sessão respostas para decisões muito importantes da vida. Entretanto, essa é uma aposta muito alta para um primeiro contato com atendimento psicológico, acima de tudo porque nem todas as decisões dependem de um SIM ou NÃO, as vezes (na maioria delas na verdade) as questões são mais complexas do que uma escolha entre duas opções. E segundo porque num primeiro contato o intuito é que o paciente consiga falar o que motivou sua busca por psicoterapia e com isso explicar fatos que acha relevante e compartilhar informações básicas, permitindo que o profissional entenda, dentro possível, o que o paciente precisa e busca naquele momento.
A forma como a sessão será conduzida terá algumas diferenças de acordo com o “estilo” de cada profissional ou a linha teórica que ele segue. Por isso pode ser importante para uma pessoa que nunca fez uma sessão de terapia perguntar para o profissional a forma como ele trabalha.
Aqui irei pontuar algumas questões que costumam ser levantadas na primeira sessão, porém tendo como base na minha atuação e metodologia de trabalho, mas que também se assemelham com as primeiras sessões de psicoterapia de modo geral.
A primeira sessão é um contato importante entre paciente e terapeuta, sendo uma oportunidade para ambos se conhecerem. Ao paciente será dado a oportunidade de falar sobre o que motivou sua busca por atendimento psicológico e questões básicas sobre sua vida. O paciente, dessa forma,terá uma espaço para sinalizar, por exemplo, se a sua busca acontece devido a um problema pontual e em momento de crise ou se sua questão é referente a um problema que perdura e na verdade a busca por atendimento estava sendo adiada até então. Se houver espaço para isso, no primeiro atendimento o paciente poderá falar sobre sua condição de vida, seja ela financeira, cultural ou familiar, por exemplo; e com isso ele será acolhido dentro daquilo que trouxer de informação e sofrimento aparente durante o atendimento.
Caso o paciente tenha dificuldades para desenvolver seu discurso, perguntas podem ser feitas no intuito de ajudá-lo a estruturar o que gostaria de dizer. Se o paciente perceber que não está conseguindo falar ou se existe alguma forma (ex: desligar a câmera, olhar para outro lado ao invés da tela) que poderia ajudá-lo nesse momento, é importante sinalizar para que o andamento da sessão possa ocorrer da forma que seja possível para ele nesse momento. É normal que na primeira sessão, algumas pessoas se sintam envergonhadas, porém é necessário lembrar que o terapeuta está acostumado a ouvir questões complexas e está ali para ajudar e não julgar.
A sessão, dessa forma, se encaminha semelhantemente a uma conversa comum e não apenas como a narração de um check list de sintomas. Além de pontuar informações importantes sobre a busca por terapia, a primeira sessão ajuda o paciente a perceber a forma como o terapeuta trabalha e se há condições de seguirem juntos num processo de terapia. É comum que em sessões seguintes a identificação fique mais clara, e com isso vínculo terapêutico vai se fortalecendo.
O primeiro passo de procurar por terapia você já deu, se permita experienciar esse primeiro encontro, ainda que seja com vergonha ou qualquer outra adversidade;
O psicólogo não está ali para te julgar;
Você não precisa contar tudo de uma vez, respeite o seu tempo;
Pergunte aquilo que achar necessário, não vá embora da sessão com dúvidas que poderiam te ajudar.
A experiência da primeira consulta com psicólogo costuma ser mais leve do que as pessoas fantasiam. Obviamente tocar em pontos complexos pode provocar emoções desagradáveis no momento, a depender de como o paciente chega na sessão, porém o intuito é que ali, em um espaço de confiança e suporte essas questões possam vir e serem pouco a pouco trabalhadas, ao invés de só retornarem como sofrimento como já ocorre durante toda a vida da pessoa. Por isso, ao fazer a primeira sessão aproveite esse espaço e comunique aquilo que gostaria ou PRECISA no momento. Não existe um modelo de sessão a ser seguido, pois cada paciente vai chegar de um jeito e isso requer um manejo diferente do terapeuta. Mas de modo geral, se pudéssemos pontuar um objetivo comum, seria esse: te conhecer. Por isso, se apresente (e nos conheça)!
Psicóloga Flávia Costa
CRP 05/60279
Instagram: @psiflaviac
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