Postado por Paulo Barros em 01/12/2020 19:08
Você já brochou? Já passou por situações em que não foi possível manter a ereção? Como se sentiu quando isso aconteceu pela primeira vez? Houve uma segunda vez?
Vivemos em uma sociedade, na qual aprendemos desde muito cedo sobre quais as formas corretas de desempenhar nossa sexualidade. Um “homem de verdade” deveria estar sempre disponível para o sexo, apresentando uma excelente performance sexual. Tal cobrança é retroalimentada nas rodas de amigos, nas quais muitos homens apresentam-se como máquinas sexuais “infalíveis”. É como se ninguém passasse pela experiência do brochar. Somente o outro está sujeito a isso.
Para muitos homens, tal situação é percebida como sinônimo de falha, de erro, problema ou doença. Sempre que atendo alguém que traz tal demanda, peço para que alguns exames médicos sejam realizados para que possamos descartar possíveis questões ditas fisiológicas. Quase sempre, não há nenhum comprometimento orgânico.
O brochar, na maioria das vezes, manifesta-se por meio de questões relacionais (relação consigo, com o outro/outra, trabalho, etc.). Mas, nem sempre estamos conscientes disto e buscamos soluções rápidas. O viagra, nessas horas, emerge como uma possível solução do “problema”. Homens cada vez mais jovens fazem uso desta medicação. Não sou contrário ao seu uso, porém, de que forma ela está sendo utilizada? O quanto ela contribui para que você não entre em contato com as questões que estão realmente interferindo em seu corpo?
Várias são as propagandas que oferecem soluções mágicas para tal questão, geralmente tratando o brochar como algo grave, pois, quanto mais desespero houver, maior a possibilidade de lucro através de intervenções “milagrosas”.
Brochar, não é falhar, brochar, é possibilidade!
Por vezes, tal manifestação apresenta-se como uma oportunidade para que você reveja como vem se relacionando com seu corpo e com outros corpos. O que você aprendeu desde criança sobre o seu pênis? Quais as crenças que foram lançadas sobre ele? O que você aprendeu sobre ser “homem de verdade”?
Como é para você, não pode compartilhar tais questões com outra pessoa? Sente vergonha? Constrangimento?
Se sim, tais sentimentos são resultados de uma sociedade que mais critica do que acolhe, principalmente quando se tratam de questões relacionadas ao campo da sexualidade.
Coloco-me disponível para um diálogo sem julgamentos, afinal, eles só servem para alimentar mais dor e sofrimento.
Paulo Barros
Psicólogo/ Sexólogo/ Gestalt-terapeuta
Instagram: @nucleolgbtqi