Postado por Ana Clara Damasceno Palombo em 08/01/2025 16:09
A angústia é um conceito complexo que abrange uma experiência emocional intensa e perturbadora, geralmente caracterizada por sentimentos de incerteza, desconforto psicológico e um senso de apreensão. Ela pode ser descrita como uma sensação de "desespero" ou "vazio" interno, onde o indivíduo não consegue identificar uma causa precisa para seus sentimentos de desconforto.
A angústia pode se manifestar tanto no aspecto psicológico quanto físico. Psicologicamente, ela é frequentemente associada a um sentimento de insegurança ou medo do futuro, uma sensação de perda de controle ou uma crise existencial. Fisicamente, pode gerar sintomas como taquicardia, sudorese e uma sensação de falta de ar, o que pode dificultar ainda mais a identificação do que está causando tal sofrimento.
Esse estado emocional não deve ser confundido com a ansiedade, embora compartilhe algumas características. Enquanto a ansiedade tende a ser mais relacionada a preocupações com eventos futuros, a angústia possui uma dimensão existencial, mais ligada ao sentido da vida e à experiência de uma falta interna difícil de nomear ou localizar.
O conceito de angústia tem raízes profundas na filosofia, especialmente em pensadores existencialistas como Jean-Paul Sartre e Søren Kierkegaard. Sartre descrevia a angústia como uma sensação de liberdade e responsabilidade esmagadora diante da escolha. Para ele, a angústia surge quando o indivíduo se dá conta de que, embora esteja livre para fazer escolhas, essa liberdade é acompanhada da pesada responsabilidade de assumir as consequências dessas escolhas. A angústia existencial, portanto, está ligada à percepção de que a vida não tem um sentido pré-determinado e que cabe a cada indivíduo atribuir significado à sua própria existência.
Kierkegaard, por sua vez, via a angústia como um reflexo da condição humana diante da liberdade e da possibilidade de escolha. Para ele, a angústia surge no momento em que a pessoa percebe a sua própria liberdade, sem saber como utilizá-la corretamente. Essa angústia é, para Kierkegaard, um elemento central na jornada de autoconhecimento e fé.
Na psicologia, a angústia é muitas vezes associada a estados de ansiedade profunda. Freud, por exemplo, introduziu a ideia de que a angústia é uma resposta a um conflito interno entre as forças conscientes e inconscientes da mente. Ele sugeriu que, quando a pessoa não consegue resolver esse conflito, a angústia emerge como um sinal de alerta, uma forma de a mente avisar sobre a presença de algo que precisa ser trabalhado ou reconhecido.
Outro psicólogo importante, Rollo May, ressaltava que a angústia não é algo a ser evitado, mas sim uma parte inevitável da experiência humana. Ele acreditava que a angústia existencial pode ser uma força motivadora para a busca de significado na vida, encorajando o indivíduo a enfrentar suas próprias limitações e a encontrar formas de transcendê-las.
No contexto contemporâneo, a angústia pode ser amplificada pela pressão social, pela constante busca por sucesso e pela presença de incertezas no mundo moderno. Em uma sociedade que valoriza a produtividade e o sucesso material, muitos indivíduos experimentam uma sensação de inadequação ou de não pertencimento, o que pode gerar uma intensificação do sofrimento angustiante.
Além disso, a tecnologia e a conectividade social podem contribuir para a sensação de sobrecarga, já que as pessoas muitas vezes se veem expostas a expectativas irrealistas, comparações constantes e uma sensação de isolamento, apesar de estarem "conectadas".
Embora a angústia seja uma experiência difícil e desafiadora, ela não precisa ser encarada como uma condição irreversível. Algumas abordagens terapêuticas, como a psicanálise, podem ajudar o indivíduo a compreender as raízes de sua angústia e a lidar com ela de maneira construtiva.
A angústia é um fenômeno multifacetado, que pode ter origens filosóficas, psicológicas e sociais, e que é uma parte inevitável da experiência humana. Embora muitas vezes dolorosa, ela também pode ser vista como uma oportunidade de reflexão e crescimento. Ao enfrentar a angústia, o indivíduo pode encontrar novos caminhos para compreender a si mesmo e o mundo ao seu redor, transformando o sofrimento em uma ferramenta para o autodescobrimento e a realização pessoal.
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Ana Clara Damasceno
Psicóloga- CRP 06/181018
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