Postado por Jaciara Vasconcelos Rodrigues em 17/05/2025 13:31
Na sociedade atual, marcada pela hiperconectividade e pelo fluxo incessante de informações, observa-se o crescimento de práticas destinadas a “dar conta” do volume excessivo de conteúdo audiovisual. Entre elas, o speed watching — assistir vídeos, séries e filmes em velocidades superiores à normal — tornou-se recurso corriqueiro em plataformas de streaming, que oferecem catálogos extensos e atualizações contínuas. Ao mesmo tempo, intensifica-se a síndrome do Fear of Missing Out (FOMO), caracterizada pelo medo de ficar de fora de experiências relevantes ou discussões sociais, gerando ansiedade e compulsão por checar novidades.
Este estudo qualitativo, fundamentado em revisão sistemática da literatura científica dos últimos dez anos, investiga como o speed watching e a FOMO se reforçam mutuamente, impactando negativamente a saúde mental dos indivíduos. Analisa-se, à luz de teorias psicanalíticas e psicossociais, a dinâmica entre o princípio do prazer — que motiva a busca por gratificação imediata — e o princípio da realidade, que impõe limites à experiência acelerada.
Os resultados apontam que o consumo audiovisual em alta velocidade eleva a sensação de urgência e insegurança, acionando um ciclo de estresse, irritabilidade e diminuição da atenção plena (mindfulness). Usuários relatam que, embora “ganhem tempo” na maratona de episódios, acabam se sentindo cansados, com foco disperso e menos capazes de refletir sobre o conteúdo que consomem. A fragmentação do tempo dedicado ao lazer passa a ser vivida como mais uma tarefa a cumprir, e não como momento de desconexão e prazer.
Além de comprometer a compreensão e o aproveitamento estético do material, esse comportamento promove sobrecarga cognitiva, insônia e esgotamento emocional. A comparação social, intensificada pelas redes que recomendam “o próximo lançamento”, alimenta a FOMO e retroalimenta o speed watching, num loop difícil de quebrar.
Para interromper esse ciclo, recomenda-se a implementação de estratégias que incentivem pausas deliberadas (por exemplo, limitar séries a 2 ou 3 episódios por sessão), controle do tempo de tela (uso de timers ou apps de bem-estar digital) e práticas de atenção plena (meditação, leitura offline). Essas medidas ajudam a restaurar o valor qualitativo da experiência, permitindo que o indivíduo volte a saborear o tempo e o conteúdo sem a sensação de urgência constante.
Conclui-se que compreender as interseções entre speed watching e FOMO é essencial para embasar políticas públicas, intervenções clínicas e programas educativos que promovam um uso equilibrado da tecnologia e a preservação do bem-estar psicológico na era digital.
REFERÊNCIAS
BEZERRA, Samara; ARAÚJO, Alynne Bianka de; RODRIGUES, Jaciara Vasconcelos. A relação entre a síndrome do FoMO e o speed watching: uma perspectiva psicológica. 2024. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Universidade de Guarulhos, Guarulhos, 2024.