Postado por Ane Caroline Ramires de Souza em 28/05/2025 12:26
Na clínica psicanalítica, sabemos que não é simples falar de si. A fala carrega riscos — de tocar na dor, de se deparar com verdades recalcadas, de entrar em contato com aquilo que foi esquecido, mas não apagado. Ainda assim, como nos ensina Freud, "onde estava o id, deve advir o ego" — e esse caminho passa necessariamente pela palavra.
O inconsciente se revela em fragmentos: um sonho, um lapso, um sintoma. Ao falar, o sujeito mobiliza essas formações, as atravessa e, aos poucos, constrói sentido. A fala não é só descarga emocional; é criação de subjetividade. Freud nos mostrou que o sintoma é uma formação de compromisso, um substituto simbólico de algo recalcado. Falar dele é desamarrar o nó, mesmo que de forma parcial, provisória.
Para Winnicott, o ambiente suficientemente bom é fundamental para que o sujeito possa existir de forma autêntica. O setting terapêutico — sustentado pelo analista — oferece esse espaço potencial onde a fala pode emergir sem ameaça de aniquilamento. Falar com medo, nesse contexto, é já um ato de confiança, um gesto de sobrevivência psíquica.
Melanie Klein destacou a importância das ansiedades primitivas e dos mecanismos de defesa arcaicos. Muitas vezes, o medo que paralisa antes da terapia não é atual, mas reminiscente de experiências muito precoces — medos de desintegração, de abandono, de ataque. Entrar em análise pode reativar essas ansiedades, mas também possibilitar sua elaboração.
Françoise Dolto nos lembra que a criança fala com o corpo antes de ter palavras, e que todo sujeito — mesmo na vida adulta — carrega marcas das falas (ou silêncios) dirigidas a ele na infância. Dar-se a palavra na análise é romper com a alienação do discurso do outro, é dizer de si com seus próprios significantes, é reescrever a própria história a partir de um lugar mais vivo e verdadeiro.
Por isso, mesmo com medo, é possível — e necessário — falar.
Porque a palavra tem efeito curativo. Porque dizer é já começar a se curar.
Não há exigência de prontidão. Há, sim, a possibilidade de começar. De se escutar. De se reconstituir.
Dar uma chance a si mesmo é abrir espaço para esse movimento.
Entre em contato. O processo analítico começa quando você decide que merece ser escutado — inclusive por si mesmo.
Escolha sempre ser a sua melhor versão por você ✨
Para agendamentos e mais informações:
📱(18) 99670 -6983
📧 psicoanecarolinersouza@gmail.com
Ane Caroline R. Souza
Psicóloga Clínica - CRP 06/169630